sexta-feira, 17 de junho de 2016

Estudo de bioequivalência entre duas formulações de ciprofibrato 100 mg comprimidos em voluntários sadios após administração de dose única

Análise do medicamento

As concentrações plasmáticas de ciprofibrato foram determinadas por cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa com detecção por espectrometria de massas (CLAE-MS/MS). Os analitos foram extraídos do plasma por meio de extração líquido-líquido, utilizando bezafibrato como padrão interno. O método foi devidamente validado com faixa de linearidade de 200 a 50.000 ng/mL. Para evitar variações interensaio, todas as amostras de um mesmo voluntário foram analisadas na mesma corrida analítica.
O parâmetro de detecção empregado foi a razão massa/carga (m/z) entre os íons precursor e produto e o parâmetro de quantificação foi a área sob o pico do cromatograma identificado no tempo de retenção. As concentrações dos fármacos nas amostras de voluntários foram calculadas através da interpolação na curva de calibração.
A análise cromatográfica foi realizada em um HPLC 1200 Series com coluna ACE 5 C18, 50 x 4,6 mm, com fluxo de 1,0 mL/min. A coluna foi operada a temperatura de 20°C, enquanto o autoinjetor se manteve a temperatura ambiente. A fase móvel utilizada foi acetonitrila e tampão acetato de amônio 2 mM com 0,025% de ácido fórmico, na proporção 70:30 (v/v). O volume de injeção foi 5 mL e o tempo total de corrida foi fixado em 1,5 minuto. O espectrômetro de massas operou em modo de ionização electrospray positivo (ESI+).

Análise farmacocinética e estatística

Os parâmetros farmacocinéticos do ciprofibrato foram calculados empregando-se modelo não compartimental, utilizando os softwares Phoenix WinNonLin e Microsoft Excel. Estes parâmetros foram obtidos diretamente das curvas individuais de concentração plasmática versus tempo e analisados estatisticamente para determinação da bioequivalência.
A área sob a curva de concentração plasmática versus tempo foi calculada pelo método dos trapezoides, do tempo zero ao tempo t (AUC0-72), onde t é o tempo relativo à última concentração determinada experimentalmente (72 horas). O pico de concentração plasmática máxima (Cmax) do ciprofibrato e o tempo para atingir este pico (Tmax) foram obtidos diretamente sem interpolação dos dados.
Para avaliação da bioequivalência entre as duas formulações foram empregados os parâmetros AUC0-72 e Cmax. Não houve nenhuma exclusão de voluntários cujos parâmetros pareceram discrepantes quando comparados com os demais.
Foi construído um Intervalo de Confiança (IC) de 90% para a diferença das médias dos dados transformados dos medicamentos teste e referência, para os parâmetros ASC0-72 e Cmax. O antilogaritmo do IC obtido constituiu o intervalo com 90% de confiança para a razão das médias geométricas dos parâmetros primários. Os medicamentos são considerados bioequivalentes se os extremos do intervalo de confiança construído para as médias geométricas forem maiores do que 80% e menores que 125%.

Resultado

Análise de tolerabilidade

O ciprofibrato foi bem tolerado na dose administrada. Os parâmetros laboratoriais não demonstraram qualquer alteração clinicamente significante. Nenhum evento adverso sério foi observado.

Análise farmacocinética e estatística

Os perfis farmacocinéticos obtidos plotando-se a concentração plasmática de ciprofibrato versus tempo das formulações teste e referência estão demonstrados na Figura 1. Observa-se que as duas curvas são semelhantes e praticamente superponíveis.
As medidas centrais e de dispersão para todos os parâmetros farmacocinéticos de ambas formulações são mostradas na Tabela 1. A partir disso, obteve-se o valor médio de Cmax de 22.969 (17.603 - 32.764) ng/mL para a formulação referência e 20.566 (12.961 - 29.302) ng/mL para a formulação teste. Para Tmax (h) foram encontrados valores de 1,80 (0,50 - 4,50) hora e 1,84 (0,50 - 4,50) hora para o medicamento referência e teste, respectivamente. Os valores médios de ASC0-72 encontrados foram de 587.366 (377.685 - 907.410) ng.h/mL para o produto referência e 568.762 (388.122 - 783.805) ng.h/mL para o produto teste.

A Tabela 2 apresenta as razões e os respectivos intervalos de confiança para a análise da bioequivalência.









Figura 1 - Curvas plasmáticas de ciprofibrato obtidas após administração oral em dose única (100 mg) dos medicamentos teste e referência.









Discussão

A dislipidemia aterogênica se caracteriza por elevadas concentrações plasmáticas de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) com predomínio de formas pequenas e densas e de triglicerídeos, além de baixos níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL). A hiperlipidemia é a principal causa da aterosclerose e outras patologias associadas, como doença cardíaca coronariana, doença cerebrovascular isquêmica e doença vascular periférica(9,10). Essa condição é uma preocupação de ordem global que atinge vários países. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 30% da população brasileira apresenta hipercolesterolemia e grande parte dos pacientes não controlam ou tratam a doença adequadamente(11).
O tratamento não medicamentoso da hiperlipidemia envolve mudança dos hábitos de vida dos pacientes, tais como adoção de dieta hipolipêmica, redução do peso e prática regular de exercício físico. A terapia medicamentosa pode ser associada a essas medidas para maior eficácia do tratamento(9,11). A classe dos fibratos é constituída de fármacos que reduzem os níveis de triglicerídeos e de LDL e aumentam os níveis de HDL. Além disso, são eficazes redutores da taxa de formação das placas ateroscleróticas. Tais efeitos são mediados pela estimulação dos receptores nucleares ativados de proliferação dos peroxissomas-alfa, conhecidos como PPAR-a. Esse estímulo aumenta a produção e a ação da lipase lipoproteica, que é responsável pela hidrólise intravascular dos triglicerídeos. Além disso, diminuem a síntese de VLDL devido ao estímulo da beta- oxidação dos ácidos graxos no fígado, reduzindo a produção de triglicerídeos(12).
Considerando a elevada incidência mundial da hiperlipidemia e o impacto deste distúrbio nos índices de saúde pública, torna-se imprescindível disponibilizar medicamentos de qualidade e de custo acessível para a população. O ciprofibrato é um modulador lipídico de amplo espectro, largamente utilizado para o controle de concentrações elevadas do colesterol LDL e VLDL e dos triglicerídeos, além de aumentar o nível do colesterol HDL(1).
O método bioanalítico por CLAE-MS/MS desenvolvido para quantificação de ciprofibrato em plasma humano, utilizando bezafibrato como padrão interno, foi validado quanto ao efeito matriz, especificidade, recuperação, linearidade, limite de quantificação, exatidão, precisão e estabilidade do analito em plasma, atendendo aos requisitos da Resolução RE nº 899, de 29 de maio de 2003(13). O método se mostrou sensível e seletivo para quantificação do ciprofibrato em plasma, além de apresentar a vantagem de ser consideravelmente rápido, uma vez que o tempo de corrida foi apenas 1,5 minuto, o que permite a análise de um grande número de amostras em tempo reduzido.
Dois medicamentos são considerados bioequivalentes se as suas quantidades e velocidades de absorção não apresentam diferenças estatisticamente significativas, quando administrados a mesma dose molar do princípio ativo, sob as mesmas condições experimentais(14). Neste estudo a biodiponibilidade relativa de duas formulações de ciprofibrato foram avaliadas. A razão média dos parâmetros de Cmax e ASC0-72 e dos intervalos de confiança de 90% dos medicamentos foi calculada para determinar-se a bioequivalência. No caso de fármacos que apresentam meia-vida de eliminação longa (superior a 24 horas) a ANVISA, por meio da Resolução RE n° 1170 de 19 de abril de 2006(15), recomenda que seja utilizado um cronograma de coletas de no mínimo de 72 horas, que possibilite a determinação da área sob a curva truncada (ASC0-72). Uma vez que o ciprofibrato possui longa meia-vida de eliminação (cerca de 80 horas), foi realizado o truncamento da curva, com o último ponto de coleta em 72 horas após administração dos medicamentos.
Conforme apresentado na Tabela 2, os intervalos de confiança obtidos para os parâmetros farmacocinéticos determinantes da bioequivalência (Cmax e ASC0-72) das formulações de ciprofibrato se mostraram dentro dos limites de equivalência preestabelecidos pela ANVISA (80-125%) na Resolução RE nº 1170 de 19 de abril de 2006(15). Para o parâmetro Tmax (dados não transformados para Ln), em nível de 5% de significância, não foi verificada a presença de efeito significante para o fator "formulação". Desse modo, considera-se que as formulações avaliadas apresentam aproximadamente o mesmo Tmax.
Além dos intervalos de confiança, os resultados indicaram também que o poder do teste, calculado para os parâmetros avaliados (a posteriore), superou o valor mínimo desejado ainda no estágio de planejamento (poder > 80%). Os altos valores de poder encontrados (100%) reforçaram as evidências de bioequivalência entre as formulações de ciprofibrato, adotando o critério de decisão de ±20% em relação à formulação de referência.
Considerando os resultados farmacocinéticos e estatísticos obtidos no presente estudo, conclui-se que os medicamentos teste (ciprofibrato 100 mg - Aché Laboratórios Farmacêuticos S/A) e referência (Oroxadin® 100 mg - Sanofi-Aventis Farmacêutica Ltda.), ambos sob a forma de comprimidos simples, são bioequivalentes e, portanto, intercambiáveis.


Fonte: Artigo Original
Estudo de bioequivalência entre duas formulações de
ciprofibrato 100 mg comprimidos em voluntários sadios após administração de dose única

Tatiane da silva vieira

Interações medicamentosas de Ciprofibrato

Associação contraindicada

Como com outros fibratos, o risco de rabdomiólise (destruição das células musculares) e mioglobinúria (perda de mioglobina, uma proteína típica dos tecidos musculares) pode ser aumentado se o ciprofibrato for utilizado em associação com outros medicamentos semelhantes.

Associação não recomendada
Como com outros fibratos, o risco de rabdomiólise e mioglobinúria pode ser aumentado se o ciprofibrato for utilizado em associação com inibidores da HMG CoA redutase.
Associação que requer precaução
O ciprofibrato tem demonstrado potencializar o efeito da varfarina, indicando que o tratamento com anticoagulante oral concomitante deve ser administrado com dose reduzida e ajustada
Associações que devem ser consideradas
Embora o ciprofibrato possa potencializar o efeito dos hipoglicemiantes orais (medicamentos que diminuem a taxa de açúcar no sangue), os dados disponíveis não sugerem que tal interação poderá causar problemas clinicamente significativos.
Os estrógenos podem aumentar os níveis de lipídios.
Fonte:http://www.minhavida.com.br/
Tatiane da silva vieira

Consenso Brasileiro Sobre Dislipidemias Detecção, Avaliação e Tratamento


 LÍPIDES, LIPOPROTEÍNAS, ENDOTÉLIO E SUAS RELAÇÕES COM A ATEROGÊNESE
1. Tipos, Função Biológica e Principais Aspectos Metabólicos

Lípides - São um grupo heterogêneo de compostos relacionados direta ou indiretamente com ácidos graxos, que possuem a propriedade de ser relativamente insolúveis em água e solúveis em solventes apolares. Os seguintes lípides são importantes para o ser humano: ácidos graxos, triglicérides (TG) e fosfolípides. O colesterol, considerado geralmente um lípide, é um álcool monoídrico não saturado da classe dos esteróides.

Os ácidos graxos são constituídos por cadeias de carbono hidrocarboxiladas, podendo se apresentar como saturados e insaturados. São exemplos de ácidos graxos saturados, os ácidos láurico, palmítico, mirístico e esteárico e, de insaturados, os ácidos oléico, linoléico e os do grupo ômega-3. Os ácidos graxos têm função energética e participam fundamentalmente da síntese de lipoproteínas e prostaglandinas.
Os TG são formados pela estcrificação do glicerol por três moléculas de ácidos graxos. Têm também papel energético, sendo usados de imediato ou armazenados para posterior utilização.
Os fosfolípides são compostos complexos, formados por glicerol, ácido graxo, base nitrogenada e fósforo.

O colesterol pode se apresentar sob a forma livre ou esterificada (ésteres de colesterol), não sendo encontrado nos vegetais. Juntamente com os fosfolípides, possui função estrutural, formando a dupla camada que constitui as membranas celulares e a camada única que reveste as lipoproteínas. O colesterol desempenha ainda outros importantes papéis no organismo, sendo precursor de ácidos biliares, hormônios esteróides e vitamina D.

Lipoproteínas - Os lípides, por serem parcialmente insolúveis no meio aquoso, são transportados no organismo sob a forma de partículas denominadas lipoproteínas (fig.1) que são formadas por uma capa hidrofílica constituída por fosfolípides, colesterol livre e proteínas, envolvendo um núcleo hidrofóbico que contém TG e colesterol esterificado. As proteínas são denominadas apolipoproteínas ou apoproteínas (apo). Estas, além da sua função estrutural, interagem com receptores da membrana celular e/ou atuam como co-fatores enzimáticos.


As fontes de lípides no organismo são a síntese interna (endógena) e a alimentação (exógena).
Ciclo exógeno - Tem início com a absorção de material lipídico proveniente da alimentação e sua incorporação nos quilomícrons (Qm) sintetizados pelas células intestinais. Caracterizam-se por transportar o colesterol da dieta e ser ricos em TG, tendo como apo fundamental a B-48.
Os Qm entram na circulação linfática e ganham a corrente sangüínea pelo dueto torácico, podendo receber diferentes apos (A, C e E) de outras lipoproteínas. Nos capilares, os Qm entram em contato com a enzima lipase lipoprotéica (LLP) que, ativada pela apo C-11, hidrolisa os TG, retira os ácidos graxos e torna-os partículas de menor tamanho (remanescentes de quilomícrons: R-Qm), Os R-Qm são removidos da circulação pelos receptores localizados nas células hepáticas, sendo então metabolizados.

Ciclo endógeno - Tem início com a síntese hepática das VLDL (very low density lipoproteins ou lipoproteínas de muito baixa densidade), as quais contêm principalmente TG e as apos B -100, E e C. Na circulação capilar, as VLDL entram em contato com a LLP, dando origem aos remanescentes de VLDL (R-VLDL) ou IDL (intermediate density lipoproteins ou lipoproteínas de densidade intermediária). Essas partículas seguem dois caminhos: cerca de dois terços das IDL podem ser captados no fígado, pelos receptores de apo B/E e degradados em seus componentes. O terço restante sofre ação da lipase hepática, principalmente no fígado, formando as LDL. Tanto as LDL como as IDL são retiradas da circulação pelos receptores celulares BIE, existentes principalmente no fígado. Vale salientar que as LDL são as principais carreadoras de colesterol para os te- cidos periféricos. Uma vez no interior das células, essas lipoproteínas são fragmentadas, liberando colesterol e aminoácidos. A síntese de colesterol e dos receptores B/E pela célula varia na razão inversa da concentração de colesterol livre intracelular.
Parte do material liberado pela ação da LLP sobre os Qm e as VLDL é utilizada na fabricação de outra lipoproteína: HDL (high density lipoproteins ou lipoproteínas de alta densidade). As partículas de HDL (sintetizadas no intestino e no fígado) têm como componentes principais a apo AI (adquirida principalmente no fígado) e os fosfolípides. Essas partículas, na sua forma inicial, apresentam formato de disco, sendo chamadas de HDL nascentes. As HDL têm grande importância no transporte de colesterol dos tecidos periféricos para o fígado (transporte reverso de colesterol).

Transporte reverso de colesterol - As HDL nascentes captam colesterol não esterificado dos tecidos periféricos pela ação da enzima lecitina-colesterol-acil-transferase (LCAT), formando as HDL maduras. Estas levam o colesterol para o fígado por duas vias: 1) diretamente e 2) transferindo os ésteres de colesterol para outras lipoproteínas (principalmente as VLDL), pela ação de uma proteína de transferência de ésteres de colesterol (CETP cholesterol estertransferprotein). Uma vez no fígado, o colesterol proveniente dos tecidos pode ser reaproveitado, participando de outras vias metabólicas, ou execretado na bile (principal via de eliminação), com reabsorção de cerca de dois terços do mesmo (ciclo êntero-hepático).

2. Lp(a), Lipoproteínas Modificadas e LDL Densas
A Lp(a) é uma lipoproteína com estrutura básica semelhante à da LDL, com apo(a) ligada à apo B-100. Esta apo(a) apresenta semelhança estrutural com a molécula do plasminogênio tecidual. Os níveis séricos da Lp(a) são determinados geneticamente e não sofrem influências ambientais significativas. Vários estudos têm sugerido que valores séricos elevados de Lp(a) constituem fator de risco independente para doença aterosclerótíca (DA).
As partículas de lipoproteínas podem sofrer modificações na sua estrutura e, conseqüentemente, no seu comportamento biológico. Uma dessas modificações ocorre por oxidação. Nesse processo, os radicais livres decorrentes do metabolismo celular normal ou produzidos em excesso em condições anormais, seqüestram radicais hidrogênio de ácidos graxos insaturados das lipoproteínas, modificando seu arranjo molecular e sua função. As apoproteínas também podem sofrer o mesmo processo, com modificação da sua estrutura e função.
Além de poder sofrer modificação na sua estrutura, as lipoproteínas nativas podem apresentar heterogencidade numa mesma classe, com diferentes significados na fisiopatologia da aterogênese. As partículas de LDL parecem ser mais aterogênicas quanto menores e mais densas. Há estudos que sugerem que essas partículas de LDL pequenas e densas são mais suscetíveis à oxidação do que as LDL maiores e menos densas.

3. Endotélio e aterogênese
O endotélio participa ativamente no processo de aterogênese e suas complicações. Sofre ação direta de fatores de risco, como hipercolesterolemia (elevação das LDL), fumo e hipertensão arterial (HA), e sua suscetibilidade aos mesmos parece ter caráter hereditário.
A disfunção endotelial caracteriza-se por diminuição na resposta vasodilatadora ou pela resposta vasoconstritora à ação da acetilcolina. Isto tem sido observado em artérias sistêmicas de pacientes com hipercolesterolemia, sem doença arterial coronariana (DAC) manifesta, e nas artérias coronárias (seguimentos não obstruídos) de portadores de DAC.
Esta disfunção parece ser decorrente da redução na síntese de oxido nítrico (substância com ação vasodilatadora) pelo endotélio ou pelo aumento na sua degradação ou por outras causas. Esses efeitos se-riam conseqüência da ação das LDL oxidadas
(LDL-o). A formação das LDL-o é etapa importante para sua remoção eficiente por receptores específicos (scavengers receptors, ou receptores de remoção) dos macrófagos (monócitos atraídos da corrente sangüínea). A ação desses receptores permite acúmulo excessivo de ésteres de colesterol no interior dos macrófagos, levando à formação de "células espumosas", principais responsáveis pelo conteúdo de colesterol da placa de ateroma.

II. DETERMINAÇÕES LABORATORIAIS
O perfil lipídico é definido pelas determinações do colesterol total (CT), TG, HDL-c (colesterol contido nas HDL) e cálculo do LDL-c (colesterol contido nas LDL), utilizando-se a fórmula de Friedewald: LDL-c = CT (HDL-c + TG/5). Esta fórmula não deve ser empregada quando os valores dos TG forem ³400mg/dL*.
Não há indicação para a solicitação dos lípides totais. A eletroforese das lipoproteínas só se justifica quando houver suspeita de formas raras de dislipidemias tipos I, III e V.
Para a obtenção da amostra sangüínea, recomenda-se coleta após jejum de 12 a 14h, Para a determinação de CT e HDL-c não é necessário jejum. Em virtude da interferência de elevados níveis de TG na metodologia, sugere-se evitar a coleta no período pós-prandial, manter a alimentação habitual, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas na véspera, não praticar exercício físico imediatamente antes da coleta, permanecer sentado ou deitado por 5min antes da punção venosa e evitar estase venosa prolongada (manter torniquete por menos de 2min).
A interpretação dos resultados do perfil lipídico deve levar em conta fatores como: a) condições que diminuem seus valores, como a fase aguda do infarto agudo do miocárdio (IAM), enfermidades agudas ou crônicas debilitantes (por exemplo, câncer) e pós-operatório de cirurgias de grande porte. Em condições clínicas reversíveis, o retorno aos valores habituais pode ser lento, até cerca de 3 meses; b) variações metodológicas e/ou biológicas. Assim, admite-se em até 5% a variação entre determinações simultâneas do CT, sendo a ideal<3%. Para os TG, essa variação pode chegar a 20% e para o HDL-c, até 10%.
Resultados anormais do perfil lipídico inicial ou discordantes na seqüência de acompanhamento clínico, recomendam a repetição da determinação dentro de 8 a 15 dias, tendo-se o cuidado de manter os mesmos hábitos de vida. Caso esta segunda determinação difira das porcentagens citadas, deve-se realizar uma terceira dosagem, com intervalo idêntico. O valor a ser considerado será representado pela média dos dois valores mais próximos.
Recomenda-se, sempre que possível, que as determinações iniciais e as subseqüentes sejam feitas no mesmo laboratório, evitando-se assim variações interlaboratoriais.
A obtenção de valores confiáveis depende do controle de qualidade praticado pelo laboratório, atestado pelos "Programas de Excelência para Laboratórios Clínicos" conduzidos por entidades nacionais credenciadas.

Valores de referência dos lípides plasmáticos e risco de DAC
1. Valores de referência

Adultos - Os valores de referência para CT, LDL-c e HDL-c no adulto (homens e mulheres com idade>20 anos), atualmente aceitos, são os recomendados pelas Sociedade Brasileira de Cardiologia (Departamento de Aterosclerose), de Patologia Clínica e de Análises Clínicas, e baseados no último Consenso do Programa Nacional de Colesterol do Estados Unidos 1993 (NCEP-National Cholesterol Education Pro-gram). Os valores para os TG são os recomendados pela Sociedade Européia de Aterosclerose (tabela 1).


Crianças e adolescentes - Os valores de referência para as frações lipídicas adotadas por este Consenso são os recomendados pelo NCEP e por Kwiterovich (tabela 2).


2. Avaliação do perfil lipídico
A presença de DAC ou de outras manifestações de DA (cerebrovascular, carotídea e da aorta abdominal e/ou seus ramos terminais) torna obrigatória a determinação do perfil lipídico, independentemente de idade e sexo.
Adultos - O Consenso recomenda que todos os adultos com idade >20 anos tenham seu perfil lipídico determinado (CT, TG, HDL-c e LDL-c). Nos indivíduos com perfil lipídico desejável e sem outros fatores de risco, as determinações laboratoriais devem ser repetidas a cada cinco anos, desde que as condições clínicas e hábitos de vida permaneçam estáveis. Este intervalo poderá ser reduzido a critério médico.
Crianças e adolescentes - A determinação sistemática do perfil lipídico na infância e adolescência não é recomendável. Entretanto, deve ser realizada entre os 2 e 19 anos de idade nas seguintes situações: a) avós, pais, irmãos, tios e primos de primeiro grau com DA manifesta (DAC e/ou doença cerebrovascular e/ou periférica) antes dos 55 anos, para o sexo masculino, e dos 65 anos, para o sexo feminino; b) pa-rentes próximos com CT>300mg/dL ou TG >400mg/dL; c) presença de pancreatite aguda, xantomatose, obesidade ou outros fatores de risco de DAC.
3. Risco de DAC
O risco de DAC aumenta significativa e progressivamente acima dos valores desejáveis de CT e LDL-c. Para o HDL-c, a relação de risco é inversa: quanto mais elevado seu valor, menor o risco de DAC. HDL- c >60mg/dL seria um "fator protetor" de DAC.
As evidências atuais indicam que a hipertrigliceridemia (>:200mg/dL) aumenta o risco de DAC, quando associados HDL-c diminuído e/ou LDL-c aumentado.
O risco individual de DAC sofre influência do número, do grau de anormalidade, do potencial de morbidade e mortalidade e da possibilidade do controle efetivo dos fatores de risco presentes (quadro 1). A presença de manifestação de DAC ou de DA em outro território seleciona, por si só, uma população de alto risco, mesmo que haja aparente ausência dos outros fatores de risco conhecidos.


Até o momento, os mais importantes fatores de risco são: hipercolesterolemia por aumento do LDL-c, HA, tabagismo, diabetes melito e hereditariedade (DA prematura).
Estresse, aumento dos valores de Lp(a), apo-B e fibrinogênio, e diminuição de apo-AI são fatores de risco cuja utilização clínica ainda depende de valor epidemiológico definido, facilidade de mensuração e/ou padronização laboratorial uniformemente aceita.


Fonte:http://www.scielo.br/scielo.php

Tatiane da silva vieira

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Obrigado...


                            Monique Anjos

Interações Lipídios ❌ Fármacos



   Medicamentos associados a alimentos podem ser uma combinação perigosa!
   O Diazepan atua como calmante e pode interagir com os nutrientes de uma dieta rica em lipídios.
   Os estrógenos podem aumentar os níveis de lipídios.
   O Paracetamol, salicitatos podem interagir com dietas compostas por carboidratos, proteínas ou lipídios os quais podem gerar retardo do esvaziamento gástrico, complexação ou diminuição do contato com a mucosa.
 
              Considerações Finais 

   Nos tratamentos medicamentosos é importante que a dieta do paciente seja avaliada a fim de impedir a interação do medicamento com os lipídios.
   Os lipídios estão presentes em nosso dia-a-dia e são fundamentais para a manutenção da saúde desde que seja ingeridos de forma moderada.




Referência: Artigos Acadêmicos- Interação Lipídios e Fármacos.


                                      Monique Anjos

Análise comparativa de dois métodos de mensuração de glicose, colesterol e triglicerídeos: sangue venoso em laboratório de bioquímica e sangue capilar em aparelho portátil Accutrend GCT®

  A utilização de marcadores biológicos na estratificação de risco e controle terapêutico é parte importante das boas práticas clínicas. Considerando a grande participação das doenças cardiovasculares na morbimortalidade mundial, a avaliação do risco destas doenças ganha destaque especial. Neste contexto, controle de glicemia e perfil lipídico
estão, atualmente, entre os exames mais recomendados em diretrizes.
   O adequado controle dos níveis de glicemia, colesterol e triglicerídeos tem sido recomendado devido a importância prognóstica.
  Os testes de repetitibilidade e reprodutibilidade também foram realizados com as soluções controles, utilizadas para calibração do aparelho Accutrend®.
  Os dados para realização do controle de qualidade do aparelho são fornecidos pelo
fabricante nas bulas das soluções de controle e embalagens das fitas reagentes.
  Para estabelecer a correlação entre os métodos, os dados foram analisados no programa Validator®, que calcula a média, o desvio padrão, e o coeficiente de correlação de Pearson (r).
   Foram calculados especificidade, sensibilidade e valor preditivo e acurácia 21, utilizando o software Win Pepi, estabelecendo os pontos de corte a partir dos limites de normal e alterado: glicose: de 60 a 110 mg/dL considerada normal e abaixo ou acima desses valores alterada; colesterol: até 200 mg/dL aceitou-se como normal e acima como alterado e triglicerídeos: até 150mg/dL foi considerado normal e acima como
alterado.
   Observamos que o teste dos analitos colesterol (92,5%) e triglicerídeos (86,7%) apresentaram maior acurácia do que o analito glicose (76,5%),
entretanto, considerando uma boa acurácia, um valor aproximado de 80%, os resultados obtidos com o aparelho Accutrend® podem ser considerados adequados para o conjunto das análises.
   Os resultados do equipamento testado apresentaram fortíssima correlação. Os dados demonstraram que o aparelho portátil Accutrend® GCT pode ser usado
durante o acompanhamento de pacientes, para todos os analitos com melhor
desempenho para colesterol, devendo ser avaliado segundo disponibilidade de recursos.


Referência: Artigo pós Graduação em ciências da Saúde- Cardiologia e Ciência Cardiovasculares.


                                                Monique Anjos

Características Físico-Químicas das Estatinas

A sinvastatina é um pó branco com ponto de fusão na faixa de 135 a 138 ºC, insolúvel em água (0,03 g/L) e ácido clorídrico 0,1 M (0,06 g/L) e solúvel em clorofórmio (610 g/L), metanol (200 g/L), etanol (160 g/L), polietilenoglicol (70 g/L) e hidróxido de sódio 0,1 M (70 g/L). Possui poder rotatório, I o 25 α D I, igual a + 292 (0,51% em acetonitrila), coeficiente de partição (octanol/água), log P, igual a 4,68 e máximos de absorção na região do ultravioleta (UVmáx, acetonitrila) em λ 231, 238 e 247 nm (BUDAVARI, 2006; MOFFAT et al., 2004).

A lovastatina é um pó branco cristalino com ponto de fusão de 174,5 ºC, insolúvel em água (0,4x10-3 g/L), solúvel em acetona, acetonitrila, metanol (28 g/L), etanol (16 g/L) e isopropanol (20 g/L). Essa estatina possui poder rotatório, I o 25 α D I, igual a +323º (0,5% em acetonitrila), coeficiente de partição (octanol:água), log P, igual a 4,26 na forma de lactona e máximos de absorção na região do ultravioleta (UVmáx, acetonitrila) em λ 231, 238 e 247 nm (BUDAVARI, 2006; MOFFAT et al., 2004).

A pravastatina, na forma de sal de sódio, é um pó cristalino, higroscópico e apresenta coloração branco-amarelada. É facilmente solúvel em água e em metanol e praticamente insolúvel em acetona, acetonitrila e clorofórmio. Possui coeficiente de partição (octanol:água), log P, igual a -0,23. Na sua forma de lactona possui poder rotatório, I o 25 α D I, igual a +194º (0,51% em metanol), ponto de fusão na faixa de 138 a 142 ºC e máximos de absorção na região do ultravioleta (UVmáx, metanol) em λ 230, 237, e 245 nm (EUROPEAN, 2008; MARTINDALE, 1999; MOFFAT et al., 2004).

Fonte: TAÍZIA DUTRA SILVA; DESENVOLVIMENTO DE MÉTODOS ANALÍTICOS E DE FORMULAÇÕES PARA ESTATINAS; Belo Horizonte 2009; UMG


Thaynara Albuquerque   

Formação de Pontes de Hidrogênio da Sinvastatina



Thaynara Albuquerque

Estatinas Sintéticas




Thaynara Albuquerque

Sinvastatina



Thaynara Albuquerque

Mólecula da Atorvastatina cálcica



Fonte: Tese de Dourorado; UNESP; Programa de Pós-Graduação em Química; Laboratório de Análises Cristalográficas e Cristalinas; Aplicação da difração de raios X por policristais e método de Rietveld de refinamento de estruturas cristalinas no estudo de polimorfos cristalinos de fármacos; 2010.

Thaynara Albuquerque

Difratograma da Forma V da atorvastatina

A atorvastatina apresenta 12 formas cristalinas descritas pelas patentes: Briggs (1999)80 Formas I, II e IV; McKenzie (2000)81Forma III, Ayalon (2000)82 Forma V; Aronhime (2003 e 2008) 83-84 VI a XII e XIV, XVI e XVII. Nestes pedidos de patente as caracterizações foram feitas apenas com RMN 13C no estado sólido e difração de raios X. Briggs é responsável pela patente mais valiosa porque é a utilizada pela Pfizer para o Liptor®. Segundo sua patente a Forma I contém três moléculas de água, tem partículas menores e mais uniformes que a fase amorfa assim como melhores características para filtragem e secagem. Ayalon (2000) descreve a forma V da atorvastatina, mostrando que esta tem maior solubilidade em água do que a Forma I (Figura 14).
Apesar destas patentes apresentarem caracterização por difração de raios X, ainda não tiveram suas estruturas cristalinas determinadas, mas é apresentada a indexação das formas VIII, IX e X. Uma maior discussão complementa sobre estas patentes é apresentada na seção 4.6

Figura 14. Difratograma da Forma V da atorvastatina segundo a patente WO/2001/036384, medidas de equipamento convencional Cu = 1,5406 Å.

Fonte: Tese de Dourorado; UNESP; Programa de Pós-Graduação em Química; Laboratório de Análises Cristalográficas e Cristalinas; Aplicação da difração de raios X por policristais e método de Rietveld de refinamento de estruturas cristalinas no estudo de polimorfos cristalinos de fármacos; 2010.


Thaynara Albuquerque

Atorvastatina cálcica



Nome Químico: Sal de cálcio triidratado de R-(R*,R*)-2-(4fluoroetil)-β,δ-diidroxi-5-(1-metiletil)-3-fenil-4-[(fenilamino)carbonil]-1H-pirrol-1-ácido heptanóico.
Substância (Sigla): Atorvastatina cálcica (ATC)
Fórmula molecular: C66H68CaF2N4O10
Massa molecular: 1155,36
Ponto de fusão: 159,2 - 160,7º
pKa: 4,29 + - 0,10
Solubilidade: Solúvel em metanol e água, meio alcalino e pH neutro. Levemente solúvel em meio ácido e praticamente insolúvel em clorofórmio e éter.
Cor: Branca
Aspecto físico: Pó fino e cristalino.

Fonte: Universidade de São Paulo; Programa de Pós-Graduação em Fármaco e Medicamentos; Área de produção e Controle Farmacêuticos; Validação de métodos para análise de estatinas em medicamentos por cromatografia líquida de alta eficiência e eletroforese capilar; Karina Litzi González Tejerina;São paulo- 2011.

Thaynara Albuquerque

crestor (rosuvastatina)




A rosuvastatina é um fármaco do grupo das estatinas utilizada no tratamento da hipercolesterolemia e condições relacionadas e na prevenção das doenças cardiovasculares. Reduz os níveis do LDL, triglicerídeos e apolipoproteína B.
Massa molar1.001,14 g/mol
Número CAS287714-41-4



Resultado de imagem para crestor


Fonte: farmaco.com.br

Tatiane da silva vieira

Estudos de parâmetros térmicos e de dissolução da sinvastatina na caracterização tecnológica da excipientes




     A sinvastatina (SV) é um pó cristalino branco ou quase branco, praticamente insolúvel em água, muito solúvel em cloreto de metileno e solúvel em álcool. É uma das estatinas mais comumente utilizada para tratar diversas formas de hipercolesterolemia. Este estudo teve como objetivo aplicar a análise térmica [Termogravimetria (TG), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Calorimetria Exploratória Diferencial acoplado ao sistema Fotovisual (DSC-fotovisual) e Análise Térmica Diferencial (DTA)], Pirólise acoplada à Cromatografia Gasosa/Espectrometria de Massa (Pir-CG/EM) e dissolução na caracterização da sinvastatina matéria-prima farmacêutica, misturas binárias com diferentes celuloses de diferentes fabricantes e pré formulados. Foram utilizadas três diferentes amostras SV (denominadas SVA, SVB e SVC), misturas do fármaco com amostras de celulose (PH101 e PH102) e preformulados. Os estudos termogravimétricos dinâmicos foram realizados nas razões de aquecimento de 10, 20 e 40 °C/min. Os estudos isotérmicos foram realizados nas temperaturas de 165, 175, 185, 195 e 205 ° C. Os estudos de DSC das amostras SV foram feitos nas razões de aquecimento de 2, 5, 10, 20 e 40 ° C/min. Foram feitos estudos de DTA na razão de aquecimento de 10 ° C/min para a SV e misturas binárias (1:1) com as diferentes celuloses. Os preformulados foram preparados variando apenas a celulose microcristalina utilizada em cada um deles. Os lotes de celulose utilizados no preparo dos preformulados foram: MCR102, MCB102, MCR101, e MCB101 para os preformulados A, B, C e D, respectivamente. 
     A mistura foi feita via seca em misturador em V e a compressão em uma máquina compressora rotativa. Os resultados mostraram diferenças no comportamento das amostras de SV na fase de transição do processo de fusão e na energia de ativação de decomposição térmica, que foram diretamente correlacionados com a estabilidade térmica das mesmas. O processo de decomposição térmica da SV foi analisado por Pir-CG/EM e seus resultados mostraram que a quebra da SV ocorre com a formação de dois novos compostos de m/z 284 e m/z 207, em proporções que dependem das temperaturas do pirolisador. Os resultados de DTA mostraram não haver interação da celulose com a sinvastatina no processo de fusão do fármaco. O dados termogravimétrico mostraram alteração na estabilidade térmica da sinvastatina nas misturas binárias com diferentes celuloses. Foi demonstrado também diferença entre as diferentes misturas. A ordem de estabilidade térmica para as amostras estudadas foi SV > SVMCB102 &#8805; SVMCB102 &#8805; SVMCB101 > SVMCR101. Os dados de dissolução intrínseca analisados pelo fator de diferença (F1) e fator de semelhança (F2) mostraram não haver diferença entre os perfis de dissolução intrínseca dos diferentes lotes de sinvastatina. Os perfis de dissolução dos preformulados, analisados pelo mesmo modelo, demonstraram haver diferença entre os perfis de dissolução quando utilizados diferentes tipos de celulose, porém não houve diferença quando utilizado o mesmo tipo de celulose de difentes fabricantes




Tatiane da silva vieira

terça-feira, 14 de junho de 2016

Terapia com estatina altera a composição da placa aterosclerótica – análise por histologia virtual.





Fundamentos: Vários estudos demonstraram redução de eventos clínicos com a terapia com estatinas. Isso parece estar associado a um efeito de regressão e estabilização da placa de ateroma. A ultrassonografia intracoronária (USIC) demonstrou a relação positiva entre a progressão da placa e o risco cardiovascular. Além disso, mostrou regressão do volume da placa coronária com o tratamento intensivo com estatinas. O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito do tratamento com essas drogas na composição da placa aterosclerótica utilizando o ultra-som com radiofreqüência (Histologia virtual – USIC-HV).

Métodos: Trata-se de estudo multicêntrico (11 centros no Japão), aberto, randomizado que incluiu 164 pacientes com angina estável ou instável, submetidos a angioplastia, para análise dos efeitos da terapia com pitavastatina (tratamento hipolipemiante intensivo) versus pravastatina (tratamento hipolipemiante moderado) na composição da placa aterosclerótica avaliada em seguimento invasivo aos 8 meses. O desfecho primário foi a mudança no volume de cada um dos 4 componentes da placa entre os grupos de tratamento. Os desfechos secundários incluíram 1) mudança no volume de ateroma e 2) eventos cardiovasculares adversos maiores. Pacientes em uso prévio de estatina foram excluídos. Foram analisadas placas proximais ou distais à lesão alvo tratada que tivessem pelo menos 50% de carga de placa e comprimento mínimo de 10 mm ao USIC.

Resultados: USIC-HV pré e pós tratamento foi obtido em 58 pacientes (71%) no grupo pitavastatina e 61 pacientes no grupo pravastatina (74%). O LDL colesterol foi reduzido significativamente em ambos os grupos, mas o nível de LDL no seguimento foi significativamente menor no grupo pitavastatina (74 vs 95 mg/dL, p<0,0001). Houve aumento significativo do HDL (12% pitavastatina vs. 11% pravastatina) e redução significativa da PCR (- 75%) em ambos os grupos. No grupo pitavastatina, houve redução significativa dos componentes fibrolipídico (de 1,09 para 0,81 mm3/mm, p=0,001) e fibroso (de 3,46 para 3,17 mm3/mm, p=0,003) assim como aumento significativo dos componentes calcificação (de 0,42 para 0,55 mm3/mm, p<0,0001) e necrose (de 0,68 para 0,92 mm3/mm, p=0,0002). No grupo pravastatina, o componente fibrolipídico diminuiu significativamente (de 1,05 para 0,83 mm3/mm, p=0,0008) com aumento da calcificação (de 0,44 para 0,55 mm3/mm, p=0,005). As mudanças nos componentes de fibrose e necrose não foram significativas. Não houve diferença na taxa de eventos clínicos entre os grupos.
Topo – aumento da ecodensidade da placa de ateroma do basal (esquerda) para o seguimento (direita) observado na escala de cinza do USIC. Abaixo – Redução do componente fibrolipídico e aumento da calcificação e necrose na placa de ateroma do basal (esquerda) para o seguimento (direita) observado na histologia virtual.

Conclusões: O tratamento com ambas as drogas reduziu de forma significativa o componente fibrolipídico e aumentou o componente de calcificação da placa aterosclerótica.

Comentários: Este interessante estudo traz informações a respeito da ação das estatinas na placa ateromatosa e seu papel como estabilizadoras da placa vulnerável. Sabe-se que a progressão da placa ocorre primariamente por aumento nos componentes fibroso e fibrolipídico. Assim, o estudo mostra que as estatinas podem alterar os estágios iniciais do acúmulo lipídico, particularmente o componente fibrolipídico, que parece ser um passo reversível no processo de aterosclerose. Esses achados sugerem que o efeito clínico benéfico visto com as estatinas pode estar relacionado à redução das células espumosas na parede arterial enquanto a progressão natural da maturação da placa (aumento da calcificação) continua. A falta de ação sobre o componente necrótico pode ter sido devido ao seguimento precoce de 8 meses ou ao fato de a necrose ser um passo irreversível do processo aterosclerótico, imune à ação das estatinas.




Elinardo Santos